Como fazer BOA SILAGEM DE ERVA?

A silagem de erva, em comparação com a erva verde, é um alimento de qualidade nutritiva constante e com características nutricionais que permite ser incorporada, quer em regimes alimentares para recria, quer em regimes alimentares para vacas em lactação. Neste último caso pode ser utilizada como complemento de outras forragens ou mesmo como uma alternativa válida à silagem de milho, desde que o regime alimentar seja devidamente equilibrado.
Na região de Vila do Conde, a forragem dominante é o azevém, no entanto podemos ter outros tipos de forragem. Para obtermos produções elevadas precisamos de reunir condições adequadas, tais como realizar análises ao solo para efectuarmos uma adubação adequada, reduzindo assim os custos de produção e reduzindo riscos de poluição dos solos e da água.
A erva para ensilar, como dissemos antes, pode ser azevém ou uma consociação com outras gramíneas e/ou leguminosas, podendo, no entanto, ensilar-se leguminosas extremes (Luzerna). Mas, é sabido que, neste caso, a dificuldade de ensilagem é maior do que nas gramíneas, por terem a capacidade de neutralizar os ácidos produzidos, por acção dos minerais e proteínas, presentes nestas plantas em níveis mais elevados. Além disso, o teor de açúcares das leguminosas é inferior ao das gramíneas o que dificulta a fermentação.
O momento do corte é talvez o factor que mais influencia a qualidade da silagem, porém, esse momento tem que ser determinado pela relação ideal entre quantidade e qualidade. Quanto mais tarde efectuarmos o corte maior será a quantidade de forragem. Contudo, a qualidade diminuiu substancialmente (menos proteína, menos energia, mais fibra e menos digestibilidade), tornando ainda mais difícil a compactação e, consequentemente, a conservação. Assim, a altura ideal para o corte é antes do espigamento, sendo aconselhável fazer uma pré-fenagem para se obter uma silagem entre os 25 e 35% de matéria seca. Quanto mais rápido for o tempo de secagem, melhor será a conservação e menos perdas ocorrerão. A utilização de “condicionadora” é de grande ajuda, uma vez que acelera o processo.
O tamanho da partícula é outro factor importante a ter em consideração, devendo este ser curto (inferior a 5 cm), pois facilita a compactação e a conservação e aumenta a ingestão de silagem pelos animais.
O armazenamento da silagem pode ser em silo trincheira ou em big bale (rolos plastificados). Ambos os processos têm bons resultados, como já foi mencionado o sucesso de um ou de outro processo está dependente de uma correcta compactação e do fecho hermético do silo. A principal vantagem em ensilar em silo trincheira é o baixo custo do processo, no entanto, os big bales permitem um melhor ajustamento da época de corte, uma vez que é possível ensilar por parcelas.
O uso de aditivos é aconselhável no processo de ensilagem de erva para se obter uma correcta conservação. Contudo, é preciso realçar que a sua aplicação não substitui as boas práticas de ensilagem e não melhora uma forragem de má qualidade. Na vasta família de aditivos, distinguem-se três grandes grupos: os aditivos inibidores da fermentação, os aditivos estimuladores da fermentação e os aditivos ricos em açúcares e outros nutrientes. O primeiro grupo é essencialmente constituído por ácidos inorgânicos (ácido sulfúrico) e orgânicos (ácido fórmico e ácido propiónico), cuja função é acidificar o meio, sendo aconselhável aplicar em silos que ficam expostos ao ar por períodos prolongados. Os aditivos mais comuns do segundo grupo são as enzimas que assumem uma função catalizadora e promovem uma rápida libertação dos açúcares para a fermentação bacteriana e aumentam a digestibilidade das forragens. Os inoculantes lácticos também pertencem a este grupo e são microrganismos (essencialmente bactérias lácticas) que aumentam a fermentação durante o processo de ensilagem. A aplicação dos inoculantes é extremamente eficaz. As condições de ensilagem têm, porem, que ser boas para potenciar o efeito do inoculante sobre as forragens. Para finalizar, o último grupo é constituído por aditivos utilizados como fonte de açúcares solúveis para as bactérias lácticas (melaço, polpa de citrinos, polpa de beterraba, etc.) e os aditivos utilizados como fonte de azoto não proteico (amoníaco, ureia) que aumentam a proteína bruta das forragens.
(Artigo elaborado pelo Departamento de Nutrição Animal da Cooperativa Agrícola de Vila do Conde)